quinta-feira, 4 de outubro de 2007

SONETO DA ÁGUA

Abaixo das nuvens negras
Violenta descida ao chão
Te derramas como oração
E bênçãos à Terra tenra

Tornastes fecundas glebas
Com carinho refrescante
Num deleite borbulhante
Penetrando pelas frestas

Simbologia do Divino
Poder mater feminino
De tudo ali fecundar

Bastam gotas deste vinho
Fazer rios como caminho

Santa água rumo ao mar

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Feitiço

Não há como sentir teu perfume,
escutar a tua voz
ou me embriagar com teu sorriso
sem sentir a doçura de teus lábios,
o furor do teu hálito
nem desvendar tuas nuances obscuras...
Te quero pronta
proposta e madura
como uma fruta doce ao alcance da mão
pendente do pé.
Quero tua textura, tua inflexão
tua magia e imaginação...
Porque que o teu feitiço, ah! teu feitiço...
esse eu já bem conheço
pois que sou dele cativo!

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Até o nada!

E, a cada instante
me sinto novamente
um tolo...
Como posso viver assim?
Se der um passo para frente
pareço estar andando para trás...
O mundo gira
e fico no mesmo lugar.
Nada muda neste rumo
incerto ao nada...
Cada atalho me afasta
mais do caminho
que de doloroso
passou a ser inútil
volúvel, fútil,
sutil,
solúvel...

quarta-feira, 30 de maio de 2007

BELEZA SURREAL

Cada corpo escondido
nos trapos de pano
não mostra nem de perto
a beleza do humano...
Não falo de bundas,
nem de sorrisos lindos,
nem de peitos rijos...
Falo de singeleza,
de simplicidade
de doçura e lealdade...
Falo da beleza oculta
nos sorrisos não dados,
nas frases não ditas,
nos beijos roubados...
Não falo de olhos
e sim de olhar...
Nem de bocas
e sim de palavras...
Nem de pernas
e sim de andar...
E de tudo que me davas...

FRIO

Hoje amanheceu tão frio...
minha cabeça teimava em não acordar
porque tudo novamente?
Espreito tua fotografia
o gelo do teu olhar corta
mais que a geada fria da manhã...
Senti falta do teu calor à noite,
pela manhã, ao entardecer...
Minha cama vazia é o espelho
da minha alma.
Um nada cheio de tudo
que me foi tirado...

segunda-feira, 19 de março de 2007

Torres

Tanta gente nessa praia ao meu redor
E eu tão só...
Os pensamentos são como turbilhões
De ondas compridas
Que afagam vigorosas
A Pedra da Guarita.
Nem a beleza das mulheres seminuas
Desvia a atenção de tua ausência
Deixando à bruma essas vagas
Em nossa história de existência.
Fossem essas “Torres”
Um canal de comunicação...?!?!

Náufrago

No oceano azul dos teus olhos
Um dia naveguei
Em teus lábios sedentos,
como o furor de ondas,
Sucumbi e naufraguei.
Engolido pelos sentimentos
de teu bom coração,
De lá, jamais retornei.

sexta-feira, 9 de março de 2007

Complexo

Ah! Esses teus relevos sinuosos
De longas curvas perigosas e sedutoras
- Uma paisagem fértil a minha imaginação.
Quero me perder no vão de tuas coxas
Roliças, fecundas coxas macias
Que em pensamento e ato vem e vão...
Traduzindo em vibração (carnal)
Um sentimento chamado paixão.
Lamber em teus seios pequeninos
O mel sagrado que tira a fome
E, ao mesmo tempo, dá calor.
E te dizer sinceramente,
Mesmo sem nexo, que esse sexo
Feito assim é puro amor.

terça-feira, 6 de março de 2007

Doído recomeço

e, no recomeço, rasgo-me até a alma
para despir-me por completo
daquilo que me tira a calma
e me rejeita em desafeto...
sou tolo porque também erro
mesmo já vendo que erraram
aquelas que muito me levaram...
paixões em brazas de ferro
que me feriram e me marcaram...

Na medida certa

És uma ilha.
E eu, o mar que te rodeia,
A lamber com minhas ondas teus anseios
E, na maré, penetrando o vale quente de teus seios.
-Que eu te inunde com minhas águas!
E beba em teu umbigo mais do que beijos:
O infinito!
E que tu me bebas inteiro, devagar,
Como o degustar de um
Vinho fino.
Nem tão pouco, nem demais...

segunda-feira, 5 de março de 2007

Beleza bruta

Jamais tornaria mirar
No fundo dos teus olhos
Se não tivesse encontrado neles
A capacidade de vislumbrar,
Além das aparências,
O âmago da existência
Da beleza em estado bruto
À espera das mãos de um anjo
Que a lapide com paciência.

Jamais tornaria mirar
A lua azul dos namorados
Se ela fosse apenas uma lenda
Para colorir a paixão dos poetas
E não expressasse a todo momento
A beleza do envolvimento
Entre o real e o imaginário,
O feio e o belo, o escuro e o claro.

Jamais seria eu mesmo
Se não tentasse alcançar as estrelas
Para iluminar o teu caminho.

Minha musa...

Musa intocável da minha adolescência,
Que por mim passava e nem via.
Roubaste sem querer minha inocência
Sem nunca saberes o que por ti sentia
Muitos anos então passaram...
Te recordo sempre - bela mocinha!
Se nossos caminhos se cruzaram
Talvez possas ainda ser minha.
Passa tempo, sonho, passa vida
E tudo até perde a graça...
Só não passa o que sinto,
O que sinto por ti não passa!

Teu beijo

Teu beijo tem um gosto molhado de fruta madura
Tem sabor de ternura e cheiro de mulher
Trás consigo a paixão que havia perdido
Em algum lugar remoto do passado.
Remoçando a tez embranquecida no tempo
Já quase sem tempo de reviver o amor.
Teu beijo é manso e compassado,
Comedido, desregrado, puro ardor,
Toda magia livre de compostura,
Um autógrafo nas íntimas páginas
Sem nenhuma assinatura.
Descrever teu beijo é impossível.
Jamais atingiria o orgasmo literário
Que para isso se faria necessário,
Sem nenhuma forma de frustração.
Estar a espreita do teu momento certo
É, sem dúvida, meu único objetivo passional.
Nem que, para isso, perca toda moral
Lapidada em anos de longo aprendizado
E agora trocada por pequenos momentos
Incertos e obscuros - mas gostosos - ao teu lado.

Inocência?!?!

Tua feminilidade
me deleita os sentidos.
Tua inocência trêmula
me instiga ânsias.
O suco de tua carne
é mel em meus lábios
ávidos de luxúria e prazer.
Te fazer feliz, só isso quero...
Não que não o sejas, não!
Mas que estejas
enquanto junto de mim...

Minha Vida

Como poesia é minha vida...
hora inteira, hora dividida
repleta de refrões
e estribilhos
um sem nome
de esconderijos
onde guardo anseios
e a dor que me consome...

Um beijo que passou por mim...

Quisera eu ter te encontrado ontem
Quando tu estavas à procura.
Pudera ser eu teu vício, tua fome,
Teu desejo e tua loucura...
... a insensatez de um amor roubado!
Quisera todo, um beijo quase dado
Que ficou no teu perfume em minha roupa.
Ah, esse teu cheiro - no meu ser impregnado -
Dá ansiedade, insônia e molha a boca.