segunda-feira, 10 de agosto de 2009

ENSAIO SOBRE A LOUCURA

Meus filhos desconfiam dessa
minha sobriedade. Todos, aliás.
Estas sombras que me perseguem,
apenas elas creem em mim...
Os caminhos estão tão tortos,
Os olhares cada vez mais turvos,
Meu semblante se assusta
e assusta os que me rodeiam...
Como ajudar-me se nem sei quem sou?
Nasci menino com brilho no olhar,
cresci bom moço de pouca tutela,
vivi acreditando na honra e justiça...
Agora me deparo com isso:
-Meus princípios arcaicos.
Estou fora de moda, vestido
com roupas ultrapassadas,
Mendigando ética em meio de
corruptos, falando de amor no
meio de tecnocratas espúrios.
E essas sombras que me perseguem...
Sombras da criança pura, do
jovem responsável, do adulto maluco!

SOL NO INVERNO

Tento escapar deste inverno
correndo para junto do Sol...
Meus caminhos entrecortados
por arestas cinzentas de uma
aurora turva teimam em se
enegrecer do escuro soturno...
Como um moribundo ofegante
me atiro em corrida louca a
um sopro de vida que se esvai
e se limita não mais que um segundo...
Sol que trás luz infinita ao mundo
se te apagas eu sumo... Se durmo
não acordo, receio... Faz-me preso
ao teu espesso clarão divino e uno...
Me agarra pelos cabelos, que seja...
mas me segura com força, para que
não te fuja...